Dois suspeitos de terem matado a funcionária da Universidade Federal da Bahia (Ufba) Selma Barbosa Alves, de 53 anos, foram presos entre a noite de terça, 13, e madrugada desta quarta-feira, 14. O crime aconteceu durante um assalto no domingo, 11, no bairro Costa Azul.
Raimundo Santana Portela Filho, conhecido como Buda Preto, de 34 anos, e Roberval Bispo de Souza, de 26 anos, confessaram o crime e alegam que não tinham a intenção de matar a servidora pública. "Foi um acidente. Tomei um susto com a chegada da viatura e acabei disparando", diz Raimundo, argumentando que estava alcoolizado e drogado na hora do crime.
O major Wildon Reis, comandante da Operação Apolo, responsável pela prisão em conjunto com o grupo Gêmeos da Polícia Militar e agentes da Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos de Veículos (DRFRV), disse que o crime comoveu os policiais. "O que mais chocou é a forma simples como eles contam que efetuaram o disparo. Ela morreu por conta de R$ 70", diz o major, referindo-se a dívida de droga que Roberval pretendia pagar com o dinheiro do roubo.
Roberval, que estava dirigindo o carro utilizado pela dupla, relata que conseguiu arrecadar R$ 30 durante o roubo de um veículo em Itapuã, realizado cerca de uma hora antes do assassinato de Selma. "Mas era para dividir por três. Precisava de R$ 70 para pagar a dívida", explica, contando que deixou o comparsa do roubo na orla e buscou Raimundo em Pau Miúdo para cometer outro crime.
"A gente só queria pegar os pertences dela e largar o carro. Nunca em minha vida pensei em matar ninguém. Estou arrependido", disse Raimundo, que foi baleado no pé durante a fuga e chegou a ser atendido no Hospital Ernesto Simões Filho, em Pau Miúdo.
Prisão - A polícia chegou aos criminosos após localizar um celular no esgoto utilizado por eles para fugir. Por meio do telefone, os policiais localizaram a casa de Roberval no Pau Miúdo e ficaram no imóvel por cerca de 24 horas. Nesse período, eles interceptaram uma ligação dele para a família em que confessava a participação no latrocínio e indicava Raimundo como autor do disparo, de acordo com o major Wildon.
Com essa informação, os policiais identificaram a casa de Raimundo. "Ele foi preso quando chegava em casa às 21 horas. Em seguida, descobrimos que o pai de Roberval morava no distrito de Boca da Vagem, no município de Irará (a 133 quilômetros de Salvador). Mandamos uma equipe lá, que surpreendeu ele às 3 horas da madrugada", relata o major.
A polícia solicitou a prisão preventiva da dupla, que está detida na DRFRV, no Iguatemi. Além de pedir exame de pólvora combusta para confirmar que Raimundo deflagrou o disparo e perícia nas roupas dos dois. Os policiais também tentam localizar a arma usada no latrocínio - que, segundo os acusados, foi jogada fora durante a fuga -, e o comparsa de Roberval no roubo do automóvel em Itapuã.
De acordo com o major, Roberval já foi preso em flagrante em dezembro de 2011 por roubo e Raimundo possui diversas passagens pela polícia por roubo de ônibus, furto durante o Carnaval, roubo de veículos, entre outros delitos. Ele chegou a ser preso em 2006 após assaltar um ônibus e ser identificado por ter deixado um currículo cair dentro do veículo de transporte público. "Na ocasião, o cobrador achou o currículo e apresentou a polícia", conta o major Wildon.
Confira o vídeo que mostra o momento em que a servidora foi morta
Homenagem - Amigos e familiares fizeram, na tarde desta terça, uma homenagem póstuma à funcionária Selma Alves, no cemitério Jardim da Saudade. O sepultamento foi marcado para as 10h desta quarta, 14, no cemitério-parque Nova Descoberta, no Rio Grande do Norte, na cidade onde nasceu a servidora.
Professores e servidores da Faculdade de Comunicação da Ufba e a reitora, Dora Leal, oraram e prestaram homenagens durante a cerimônia.
Bastante emocionado, o irmão Lenilson Barbosa Alves, 58, que veio de Natal para reconhecer o corpo, fez um desabafo: "Um criminoso frio, que tira a vida de um ser humano sem nenhum motivo, é um selvagem. E a sociedade precisa ter leis próprias para os selvagens".
A irmã Ednilza Barbosa, 57, que também morava em Salvador, chegou à cerimônia no fim da tarde e ficou tão chocada que precisou de acompanhamento médico. O cinegrafista Paulo César Silva, 52, amigo de Selma por 20 anos, disse não acreditar na morte. "Ela tinha um coração tão bom, eu que não imaginaria jamais que seria vítima de um crime tão cruel", lamentou.
Segundo ele, a amiga tinha medo da violência em Salvador e fazia planos de montar uma produtora em Natal após a aposentadoria, prevista para o ano de 2015.
Colegas e familiares da vítima lamentaram a morte (Foto: Eduardo Martins | Ag. A TARDE)
*Colaborou Priscila Machado
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